quinta-feira, 28 de agosto de 2008

Civilização e culinária mesopotâmica: Parte 4

Normalmente a história de um povo e de uma civilização é contada através dos fatos e acontecimentos de alguma forma comprováveis ou presumíveis pelos estudos das diversas ciências. No entanto, o que é pouco percebido e muitas vezes negligenciado, é o fato que a história humana – e toda a história é necessariamente humana, mesmo quando se trata do percurso histórico de coisas ou fenômenos naturais, pois tudo ou é produto da ação e engenho do homem ou é averiguado e registrado por esse engenho -, é cada vez mais minuciosa e precisamente descrita através da contribuição dos estudos e descobertas sobre as práticas e costumes dos povos.



Hoje, a compreensão mais adequada e verossímil de nosso passado encontra-se na confluência ou interdisciplinaridade de conhecimentos provenientes dos mais detalhados estudos sobre minúcias próprias das práticas cotidianas das civilizações passadas, tanto quanto é certo que os grandes feitos da história só são possíveis como conseqüência do esforço diuturno das sociedades na produção dos bens e serviços para sua sobrevivência. Ou seja, pelo estudo dos costumes e pelos hábitos de cada povo, pode-se, muitas vezes, entender melhor os grandes fatos e acontecimentos, as grandes conquistas e derrotas, as grandes catástrofes e realizações de uma civilização.



Se aprofundarmos nossos estudos sobre o passado, vamos perceber que teremos dificuldades em entender precisamente porquê um determinado acontecimento, fato ou mesmo costume aconteceu de uma forma e não de outra. A bem da verdade, aquilo que denominamos como “verdade” histórica é uma interpretação determinada por elementos e provas tão circunstanciais que sempre podemos achar outras respostas. Isto porque certos elementos e fatores nos passam despercebidos. Assim, podemos dizer, sem grande margem de erro, que a história não é apenas um amontoado de fatos cronológicos, e sua difícil precisão só pode ser amenizada se nos dedicarmos a questões sócio-econômicas e políticas inseridas na cotidianidade dos povos e civilizações passadas.



Esta coluna pretende apresentar e estudar um pouco mais das grandes civilizações através de seus costumes gastronômicos, sem se prender, necessariamente, a uma cronologia rígida que possa sugerir algum tipo de evolucionismo gastronômico, uma direção única para o desenvolvimento da arte culinária ao longo da história da humanidade. O tema que nos ocupa é “o homem e seu alimento”. A satisfação das necessidades alimentares figura entre aqueles fatores primordiais à sobrevivência da humanidade, obrigando os homens a contraírem determinadas relações econômicas de produção e desenvolverem ferramentas de trabalho capazes de satisfazer tais necessidades. Em todas as culturas, através dos tempos, os homens desenvolveram seus gostos e sua culinária numa relação direta com o meio ambiente circundante, com os recursos econômicos e naturais disponíveis, permeados pela relação mítica e mágica com o cosmos.



A revelação das formas de produção e preparo dos alimentos, bem como as formas de degustação e conservação, constituem informações preciosas e fundamentais para o entendimento de seus costumes, arte, valores comportamentais, religião, sistemas econômicos e políticos, e sua filosofia. Obviamente, a formulação de uma história gastronômica depende, tanto quanto qualquer outra ciência, de dados materiais e empíricos. Assim, por exemplo, da pré-história apenas podemos contar com escassos resíduos alimentares, lugares e utensílios usados no preparo e degustação dos alimentos, o que dificulta a compreensão de seus usos e costumes de forma mais precisa. A partir de fontes escritas - mesmo a mais remota datada do início da história -, passa-se a obter um maior e mais preciso número de informações sobre os homens inseridos em sua atividade gastronômica. Mas só a partir de 3200 a.C., na antiga Mesopotâmia, passou-se a registrar algum tipo de receita conforme entendemos hoje, com o intuito de repetir as operações culinárias e de garantir o preparar e conservar os alimentos.



Mesopotâmia (antiga Pérsia e atual região do Iraque)



O Compêndio mais antigo conhecido de receitas culinárias se encontra em uma compilação chamada de “Arte Culinária”, confeccionado por volta de 230 de nossa era, por um cozinheiro romano de nome Célio, segundo o qual baseou-se na obra de um gastrônomo de nome Marco Gavio Apicio, que viveu por volta do ano 25 a.C em Roma. Muito antes de Apicio, no entanto, existem alguns manuscritos gregos de receitas culinárias, como no caso do siracusiano Mithekos, que viveu por volta de 400 a.C., e que é citado por Platão na obra Gorgia, escrita para o rei de Siracusa. Infelizmente estas obras se perderam quase completamente e apenas algumas citações restaram na obra “O Banquete dos Sábios”, escrito por Ateneo de Naucratis, um grego que deve ter vivido entre os séculos II e III de nossa era. Mais para trás, os Egípcios, os Fenícios e os Hititas já possuíam registros gastronômicos em afrescos, pinturas e decorações em utensílios, e conhece-se algo de seus regimes alimentares, mas não se conhecem documentos escritos sobre receitas culinárias. Sobre a Mesopotâmia, no entanto, existe vasto material decifrado a partir de tábuas escritas em sumério e acádio (antigas línguas extintas da Mesopotâmia, usadas desde 3000 a.C.).



1 As fontes de alimentação

Pelo que se conhece, as principais fontes de alimentação da Mesopotâmia, consistiam em cereais, como a linhaça, mais tarde e em especial, a cevada, a partir da qual produziam cerveja; o arroz (introduzido por volta de 1500 a.C.); variados tipos de queijos (mais de 20 variedades), o que indica domínio em técnicas de fermentação de laticínios. Os embutidos são raramente mencionados (a não ser um tipo de chouriço preparado com a tripa do intestino de bode); em compensação existe abundância de peixes do mar e de rio, além de variados tipos de crustáceos e moluscos. Os peixes eram dissecados e conservados em salmoura (por volta de 2000 a.C.). As carnes também podiam ser conservadas desta forma, mas eram especialmente conservadas em barricas de óleo vegetal (oliva).



A dieta dos trabalhadores é basicamente composta de frutos naturais e secos, tais como maças, pêras, figos, ameixas, pêssegos e uvas. Verduras e legumes (poucos relatos sobre as mesmas), com os quais faziam sopas (em sumério “tu” e em acádio “ummaru”), são basicamente compostas de pepinos, tubérculos, raízes, como cebola e nabo. Na área de condimentos cultiva-se alho, alho-porró, mostarda, cominho, usados para condimentar principalmente carne de gado e em escala menor aves e galináceos, incluídos mais tarde em sua dieta. As carnes mais abundantes são, naturalmente, cabras e ovelhas, das quais se aproveita inclusive a pele e a lã. A oliveira e seu fruto, a azeitona, tem importância central na dieta e vida culinária da Mesopotâmia, não só como alimento, mas também como condimento através da produção do óleo. Temperos comuns eram os que misturavam várias ervas e raízes no óleo de oliva, e uma variedade cujo ingrediente era o mel.



Desde muito cedo as farinhas fazem parte da alimentação de toda a população (ricos e pobres). Assim, através de técnicas de moer e triturar os grãos produzia-se sêmolas e farinhas usadas em massas e pastas, conservadas secas ou fermentadas. As massas eram usadas para produzir tortas de pão, assadas em grandes vasilhas colocadas sobre as brasas de lenha. Estas vasilhas tinham um imenso número de formas, o que indica que vários tipos de pães eram confeccionados nas panificadoras da época. Os catálogos de pães conhecidos apresentam, em alguns casos, mais de 300 variedades, usando-se diversos tipos de farinhas, sendo preparadas com azeite, mel, leite, cerveja, especiarias aromatizadas, etc. Nas panificações, estabelecimentos conhecidos desde o III milênio a.C., não só se fazia o pão como também a cerveja.



2 Bebidas Alcoólicas

Do malte da cevada se obtém a cerveja, a bebida mais consumida, tanto dentro dos palácios como entre a população. Os povos da Mesopotâmia fabricavam vários tipos de cerveja, e em grandes quantidades, de tal forma que a produção de bebidas alcoólicas como o vinho (produzido nos vinhedos da Alta Mesopotâmia - norte e nordeste) e a cerveja são fundamentais na economia e sobrevivência desses povos. Os variados tipos de cerveja apontam para diferentes formas de preparo e fermentação, produzindo-se, entre outros, cerveja velha, cerveja jovem, cerveja negra, cerveja doce e cerveja fina ou fraca (provavelmente misturada com água), principalmente consumida pelas mulheres.



Tal é o consumo livre e abundante de cerveja que, igualmente, se observa nos relatos e receitas vários tipos de vasilhames e canecos para tomá-la, pitorescamente quanto ao hábito de várias pessoas beberem do mesmo vasilhame, usando para tal um tipo de canudo, que ainda tinha o benefício de evitar se ingerisse os grãos em fermentação do cereal que permaneciam no líquido, e que aumentava em muito os efeitos do álcool. Existem relatos que demonstram o uso da cerveja como meio alcoólico para remédios e tratamento de doenças. Sem dúvida, a cerveja constitui um forte fator produtivo e determinante da vida dos mesopotâmicos antigos, não só por demonstrar o conhecimento requintado de tecnologia em sua preparação, como também na utilização posterior de sua culinária, pois a mesma era usada abundantemente como ingrediente no preparo dos outros pratos.



3 Métodos de conservação de alimentos

Os métodos de conservação próprios dos povos mesopotâmicos são tão vastos que comida é raramente importada por eles. A salmoura – sal e azeite -, e o cozimento são os principais métodos de conservação para quase todos os alimentos. Essa salmoura era muitas vezes temperada com condimentos, de tal forma que servia não só de conservação como de tempero, podendo, muitas vezes, ser diretamente degustada.



O cozimento era efetuado através de “fornos de cúpula”, que amaciavam os alimentos, na medida em que o vapor do cozimento se concentrava dentro do forno, principalmente no cozimento de massas e do pão. As panelas e tachos eram ou de barro ou de bronze, existindo caldeirões usados em cozimentos lentos e de grandes quantidades. Os antropólogos acharam grande variedade de panelas e caldeirões, o que indica uma profícua e diversificada dedicação à cozinha na Mesopotâmia. Também existem teorias (não totalmente comprovadas) que cada tipo de utensílio usado no cozimento determina o tempo e a técnica de preparo e resulta em um tipo diferente de prato. Isto talvez explique porquê as receitas que chegaram até nós preservadas em pedaços de tábuas de barro, são pouco elucidativas quanto às quantidades e tempo de cozimento e preparo dos alimentos.



4 Receitas culinárias

As receitas mais antigas que se tem conhecimento datam de princípios do II milênio (1700 a.C.). Basicamente estas receitas se resumem não exatamente ao preparo, mas aos ingredientes utilizados ou solicitados pelos cozinheiros. Ao que tudo indica, entre os povos mais antigos da civilização ocidental, a forma de misturar e a seqüência do preparo dos alimentos e pratos era bastante facultativa, ficando ao livre-arbítrio do cozinheiro (uma verdadeira democracia gastronômica). Outra coisa que chama a atenção é a quantidade de ingredientes que compõem certos pratos.



4.1 Torta Mista

Ingredientes: farinha, água, leite ou cerveja, azeite, frutas secas (passas, figos, maças, pêssegos) e pinhões, condimentos aromáticos (cominho, mostarda) e alho. Pode-se acrescentar mel ou outros ingredientes que na hora o cozinheiro desejar. A torta deve ser assada no forno, e os frutos secos devem ser umedecidos em um tipo de licor (provavelmente destilado a partir do arroz). Vê-se que a preparação é sofisticada: os condimentos são em grãos torrados e a água utilizada deve ser aromatizada por infusão de mostarda natural.



4.2 Preparo de carnes

O mesmo refinamento e complexidade do preparo se verificam no cozimento de carnes, principalmente cabrito e cordeiro. O uso de ervas aromáticas em todos os pratos, demonstra a busca de sabores especiais. Também se percebe a preocupação em cozer as carnes de forma a concentrar o caldo, no sentido de acentuar os sabores e fazer a carne se impregnar deles. Não há dúvidas que os cozinheiros da antiga Mesopotâmia são refinados e procuravam ressaltar os temperos e os sabores, algo comum para os dias atuais.



Receitas impressas em tábuas de argila em língua acádia encontram-se guardadas na Universidade de Yale. Escritas por volta de 1700 a.C., referem-se a preparos culinários complexos já existentes há quase 4000 anos, e que, inicialmente, foram confundidas com receitas médicas. Apesar de sua deterioração, reconhece-se cerca de 25 receitas impressas em quatro tábuas, sendo que 21 delas são de preparo de carnes e as outras quatro de verduras. São menções curtas e revelam apenas o essencial, como é próprio dos grandes livros de cozinha mais recentes (Guide Culinaire de A. Escoffier), assinalando-se apenas os ingredientes e as operações de forma sumária e mesmo lacônica, em tom jovial e alegre como é de praxe nas cozinhas e cursos atuais. Isto, impressionantemente, coloca os chefs babilônios, sumérios e assírios, como fundadores de técnicas e ambientes gastronômicos que se revelam atuais. Podemos afirmar que a arte culinária produz relevantemente um certo ambiente artístico, com características distintas há mais de quatro milênios e que as formas e as técnicas gastronômicas mais atuais são um espelho destes ambientes?! Existe uma essência gastronômica que já estava compreendida por nossos mais antigos gastrônomos?



4.2.1 Carne cozida

Ferve-se a água. Acrescenta-se a gordura (de animal), alhos-porró e alhos macerados e cerveja ao natural. Acrescenta-se a carne e deixa-se cozer.



4.2.2 “Dobradinha” Vermelha

Não leva carne, apenas vísceras, bucho e miúdos. Sal, malte de cevada, cebolas, cerveja velha, cominho, azeite, alho-porró, e cerveja negra - macerados juntos. As “carnes” devem ficar de molho no sangue do próprio animal, antes de serem colocadas para cozer junto com os temperos em um caldeirão de fundo redondo e tubular. Não foram descritos as quantidades nem o tempo de cozimento.



4.2.3 Fervido de cabrito

Cabeça, patas e rabo devem ser passados no fogo previamente. Usa-se um caldeirão de água fervendo. Acrescenta-se a gordura. Tempero de cebola, cerveja natural, alho-porró, alho, sangue, queijo fresco – tudo macerado junto. Mais cerveja natural depois de um certo tempo. Para engrossar o caldo pode-se juntar farinha de cereais numa segunda etapa do cozimento, com pouca água, evidentemente para engrossar o caldo.



4.2.4 Preparo de aves

Primeiro as aves: cortam-se a cabeça e as patas; são abertas e se tiram as entranhas, aproveitando-se as moelas e as vísceras, depois de limpas. As aves são lavadas e enxugadas. Então se prepara um caldeirão, onde são colocadas juntas as aves, as moelas e as vísceras e se põe para cozinhar (não existe menção de qualquer líquido, como água ou gordura). Depois desta primeira exposição ao fogo se retira o caldeirão. Então o cozimento continua em uma segunda etapa: uma outra panela é enxaguada, coloca-se leite e se coloca no fogo. Retiram-se as aves do primeiro cozimento, se escorre seu caldo, salga-se e coloca-se na segunda panela quando o leite estiver gorduroso. Quando estiver na hora de servir se junta o acompanhamento que foi preparado e fervido em outra panela: alho-porró, alho, cerveja e cebolas e com um pouco de água. Em paralelo, confecciona-se uma massa que é composta por trigo amassado, misturado com leite, condimentada com sal e cominho amassados junto, pouco de cerveja nova, alho-porró, alho e acrescentando azeite até estar pronta uma massa bastante fina. Esta massa é na verdade cozida dentro de um prato (de barro) colocado sobre o fogo. Quando a massa está cozida, colocam-se em cima as aves e os miúdos junto com o molho de cebolas e demais temperos usados. Tudo é regado com salsa e tapa-se tudo com outra fatia de massa cozida antes de servir à mesa.



Para finalizar, também deve ser observado que as receitas expostas nas tábuas culinárias encontradas, são diferenciadas por pratos, com nome e com algumas variações de tipos de carnes e apresentação, como servido com ou sem caldo, com ou sem salsa, distinguindo a carne principal – cordeiro, borrego ou mesmo codorna e pombo selvagem -, ou partes destes, como perna de cabrito ou ovelha, e ainda com a indicação de “pode ser dividido” ou “cortado em pedaços”.



5 Gastronomia e Poder

Fica bem claro que os povos da antiga Mesopotâmia tinham uma estrutura gastronômica bem organizada para a preparação e apresentação dos alimentos, com técnicas complexas e elaboradas. Tanto que podem ser comparados aos antigos romanos e aos chineses, mas com pelo menos quinze séculos de antecedência. Os gastrônomos mesopotâmicos podem ser considerados os mais antigos artistas culinários. E é óbvio que devido às fontes limitadas a variedade de alimentos e modos de conservação e preparo sejam muito mais abrangentes do que conhecemos.



Por outro lado, devemos considerar que se algumas receitas foram registradas e relatadas em diversos lugares, é porque tais “documentos” foram obra de uma minoria que sabia ler e escrever naquele tempo: os escribas. Acontece que estes profissionais, os únicos que sabiam ler e escrever, eram muito importantes e só trabalhavam para clientes influentes e importantes, representantes do poder. Não existe, desta forma, nenhum motivo para os escribas se dedicarem a fazerem registros detalhados e numerosos de receitas culinárias - o que não podia ser efetuado pelos cozinheiros da época -, a não ser quando solicitado e pagos por esses senhores ricos e poderosos. Por isso, podemos imaginar que o interesse da nobreza da época em pagar para terem tais registros deve-se ao controle e inventário da produção de alimentos em suas propriedades e cozinhas. As tábuas encontradas e que nos servem de orientação para nossos estudos “antropo-gastronômicos”, são na verdade registros administrativos, por um lado, e, presumivelmente, orientações normativas para os cozinheiros no preparo dos alimentos, por outro.



Então, seguramente, este tipo de culinária pertencia ao Templo e ao Palácio, com ingredientes em sua maioria caros e refinados que não estavam ao alcance da maioria da população. A cozinha assim retratada, não é uma cozinha popular, praticada pelos campesinos e artesãos (existem algumas informações sobre o pagamento de trabalhadores com alimentos básicos, como cereais, azeite, cerveja, e raramente, carne e pescado – verduras, frutas e especiarias as obtinham por sua conta). Ela é uma “alta cozinha”, reservada aos dirigentes, clérigos e poderosos. Sobre a cozinha popular que para nós, e do ponto de vista cultural, é tão preciosa e rica, não se conhece nada, pois neste caso, as mulheres, cozinheiras familiares, passavam suas receitas e técnicas de forma oral de mãe para filha, geração após geração. O fato é que a culinária atual denominada “turco-árabe”, e que se come desde a Grécia até o Iraque, já é uma adaptação de séculos e do convívio entre os povos desta vasta região, mas também um sincretismo entre os pratos mais refinados e os costumes alimentares do povo da antiga Mesopotâmia, desde 4000 anos atrás.



Finalmente cabe anotar que, ao que tudo indica, a população de forma geral comia duas vezes por dia, de manhã e à tarde, esta última a principal, ao crepúsculo, como era o hábito dos sumérios cuja palavra para comida é a mesma para entardecer (king.sig – kinsikku). A classe alta tinha outras duas refeições adicionais menos abundantes. Afinal, a variedade de alimentos na antiga Mesopotâmia fez estes povos contentarem-se com seus produtos regionais e a desenvolverem uma criativa culinária baseada em técnicas que os colocaram entre os mais originais fundadores da Arte Gastronômica.

2 comentários:

Daniel Magnavita disse...

Olá,
vocês poderiam ter sido mais originais, gostaria muito de perceber mais neste blog a interpretação de vocês.
Até mais...
Daniel Magnavita

Augusto Assis disse...

Muito útil, informações claras e precisas. Muito melhor que muita 'encheção de linguiça'por aí, principalmente se tratando da Mesopotâmia.